terça-feira, fevereiro 13, 2007

Coisa estranha, esta fascinação pelo desconhecido.

Esse é um dos documentos da história da ciência mais famoso que foi produzido por Kepler depois de conseguir formular as suas três leis sobre o movimento dos planetas:

“Aquilo que vinte e dois anos atrás profetizei, tão logo descobri os cincos sólidos entre as órbitas celestes; Aquilo em que firmemente cri, muito antes de haver visto a Harmonia de Ptolomeu, Aquilo que no título deste quinto livro, prometi aos meus amigos, mesmo antes de estar certo de minhas descobertas; Aquilo que, há dezesseis anos atrás, pedi que fosse procurado; Aquilo, por cuja causa devotei as contemplações astronômicas a melhor parte de minha vida, juntando-me a Tyho Brahe; Finalmente eu trouxe a luz, e conheci a sua verdade além de todas as minhas expectativas... Assim, desde há dezoito meses, a madrugada, desde há três meses, a lua do dia e, na verdade, há bem poucos dias o próprio Sol da mais maravilhosa contemplação brilhou. Nada me detém. Entrego-me a uma verdadeira orgia sagrada.Os dados foram lançados.O livro foi escrito. Não me importa que seja lido agora ou apenas pela posteridade.Ele pode esperar cem anos pelo seu leitor, se o próprio Deus esperou seis mil anos para que um homem contemplasse Sua obra.”

Tudo que está escrito foi feito diante de emoção, esperança, crença, amor, promessas, disciplina, sacrifício, uma vida inteira em jogo. Para quê? Kepler não podia imaginar nada prático sobre suas investigações. O que estava em jogo era apenas o prazer da visão, ver aquilo que ninguém jamais havia visto. E toda a espera se realizava numa experiência indescritível de prazer.
Coisa estranha, esta fascinação pelo desconhecido.



Baseado no texto Ciência, Coisa Boa...


Iram Lee

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bem escrito esse texto!!

Parabens!!!

Anônimo disse...

Eh essa fascinação pelo desconhecido que nos faz seguir na vida? Ou eh soh a falta do que fazer mesmo?? :p