sexta-feira, novembro 23, 2007

Noite de sombra e brilho

No contínuo da noite, que já é dia mas ainda escura, escura não para esconder a vida, libertá-la, mesmo não sabendo que vida é. Vida que sei não ser meu mundo, noite, vida que não vivo, que não me encaixa.
Noite que não quero mais que em mim encaixe, noite/manhã que a alegria não é criar, é só extravasar, foder, cheirar, fumar, esquecer o que se faz em turnos diurnos, esquecer, só esquecer, não mudar, deixar continuar a decadência da manhã, das tardes estragadas pelo trabalho, não inventar, ser burro, paco, parvo, beber, beber, esquecer.



Bela ela brilha, acima de mim, infinita, acima de nós, finitos seres que pensam pensar; lá ela bela me chama, penso eu que chama, quero eu que chame, desejo eu estar lá, ou aqui, junto a ela, anseio que venha, sonho que aqui caia, que aqui brilhe, pois seu brilho, lá, é apenas para ver, meu desejo é mais que ver, meu desejo é mais que minha cabeça, mais que eu, meu desejo é ela em tamanho, é ela, estrela que brilha e fica, fica lá sem mim, é ela, estrela que brilha e deixa, deixa-me aqui sem ela.


Trojdens Desmond

*Pintura A Noite Estrelada, Vincent van Gogh, 1889

2 comentários:

Veriana Ribeiro disse...

A noite, que sozinha geme e chora, brinca e bebe, e dança como uma criaça.
(pois ela é apenas uma criança, que não sabe o que fazer)
A noite, que brilha e sozinha sai dançando pela rua, escondendo-se do dia.

Anônimo disse...

Living For the Night
tradução
autoria: Pit Passarel
banda: Viper

"Vivendo para a noite
embora devessemos temê-la
quando a vida é apenas um jogo que temos de vencer
vivendo para a noite
quando a morte de cerca cada vez mais
a cada hora mais próxima
meu desejo é ser livre"

*com pequena liberdade de tradução