quarta-feira, outubro 10, 2007

Não é milico nem crente


A vida do dentro está ocupando-nos o tempo, tempo de estar fora, fora da vida de dentro, de estar dentro do fora, este lindo mundo nosso que tenta, por vezes, afundar o mundo de dentro, derrubar o que de tão feio há dentro do mundo de dentro.

Estamos fora do fora para aprender, com quedas e subidas, como viver no fora e, até, no dentro.

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Existe um troço (“troço” aqui com este som de bosta de vaca, pejorativo, que você escutará ao ler é uma coisa – que falta de vocabulário minha – que eu não gosto, ora bolas) no ar de hoje em dia muito estranho, não tenho nome para isto – nem vocabulário tenho. Em comerciais televisivos, onde pessoas – supostamente de boa aparência, para mim aquelas moças branquinhas, loirinhas, lisinhas de cima a baixo, com um sorriso feito por mãos e alfinetes não me agradam nem um pouco, sem milongas, realmente não me agradam – compram casas e tevês e carros e celulares e cadeiras e ventiladores e bombons e roupas e o diabo que apetecerem-nas; personagens que vão do “baixo” ao “cima” em segundos e até milésimos. Claro, tudo isso devido a um cartão, um perfume e até xampus e sabonetes.

Não é só no lixo que é a propaganda, também na tevê em geral e conseqüentemente no povo, dito real – porque real mesmo só sonho, que não em segundos, mas em dias e meses e anos saem com casas e carros e tevês e celulares e cadeiras e madeiras e troncos novíssimos, tudo na maior felicidade, com aqueles brutos sorrisos; e ao ver um simples pedinte, um pobre pé-rapado como eu, vira a cara ainda com despeita de mandar-nos à labuta. Tudo bem que é preciso esforçar-se um pouco na vida, mas pedir já é um esforço gigantesco.

Essa desgraça toda é conseqüência da maior de todas, os anos 80. Aqueles comunistas bestões e fervorosos (no pior dos sentidos) e sem ideologias, agora sorriem, e fazem uns novinhos também sorrirem, para fingirem serem humanos.

Trojdens Desmond

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