sábado, outubro 27, 2007

À menina bonita

Deveria eu falar (retalhar) da moça que me chamou de “revolucionário de merda” (ela não pronunciou a palavra merda, é verdade, mas é que dá uma emoção mais legal, mesmo já se sabendo a verdade); disse ela assim: “... que mão é essa que cria um filho que disse que não vai tirar o título de eleitor pra não votar?...”. Favor, né, minha dama. Para ficar como uma resposta, ações minhas virão para provar o //merda// que sou, pois discutir, já disse um certo moço inteligente, é para aparecer. Falarei apenas da minha mais nova alegria.

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Beleza é alegria, minha felicidade total, só isso e nada mais; superei os instintos primitivos, próprios de nossas matérias e que habitam meu inconsciente, não penso em crias, cópula, não penso apenas no calor da carne em minha boca, em meu corpo, alegro-mo só em ver tal pele morena, cor de meus sonhos, cabelos negros e corpo que certamente superaria Afrodite, se esta estivesse aqui, alegrando-me ainda mais. Minha mente pára, meu sangue pára, eu sinto querer pular para de mais perto ver, mas meu corpo é um corpo morto, meu espírito já está lá, ao lado da beleza doce, saiu, abandou-me, disparou como um raio de Zeus, mais rápido que qualquer descarga elétrica de meu cérebro.


Na volta de meu eu flutuante volto a pensar, mas pensar nunca é bom nesses momentos, a mente humana é tão estúpida quanto magnífica e complexa. O mundo, esse mundo de culturas hipócritas e insanas, ainda mais estúpido, produz seres vagos, vazios; quero deusas, lindas e tudo mais, a esperteza das ações e das idéias embebeda-me em igual teor à beleza.


Quero deusas, e não só para ver, deusas para amar. Quero aquela moça bonita, mas como deusa, não apenas bela, por mais esplendorosa que seja, por mais que já me faça delirar, por mais que já me tenha os olhos para si; quero que me tenha o coração e o espírito, meu todo eu, eu todo para si.



Trojdens Desmond

Pintura de Claude Monet - Stroll At The Rocks Of Pourville e Música de Erasmo Carlos - De noite, na cama

domingo, outubro 14, 2007

Nêta que não é nêta de verdade

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Caiu, caiu, caiu, a nêta caiu! A nêta cai toda hora, todo dia, parece galinha manca, porra, e cai mais na hora em que mais apetecemos dela, nêta desgraçada, nas madrugadas, que estamos já sólitos, solitários, e agora indignados dignamente, pois não poder conversar, impedidos por distâncias, violências, garoas, pais e quedas do único meio possível é merda. E nós que ficamos nas noticias, atentos para o que possa surgir de novo, ali, nas primeiras horas da manhã, seriamos os primeiros a saber, agora não podemos fingir-nos interessados nos acontecimentos de nossa terrinha, sem graça que só ela, que parece cair também tanto quanto a nêta, revolucionário que só ela podia ser, mas que cai, cai por incompetência da ditadora, monopolista, que não consegue colocar novas portas, pontos, o diabo que seja, sem deixar-nos no auge da raiva, não é.

Desgraça, joguemos pedras na cabeça da burra, filha-da-puta que é essa empresa, que de tão filha-da-puta só proporciona a nós, acreanos, 10% da banda, ou que seja, para download, que é simplesmente nossa maior alegria, burlar o mercado, as empresas fonográficas, cinematográficas e as demais que existirem; felizes vivemos a viver na cultura que é as musicas e filmes que jamais viveríamos sem “baixar”, como santo, mas mais felizes estaríamos com total possibilidade de ter o que quisermos a velocidades e rapidezes que acreano nenhum (alguns conhecem é verdade, mas é porque não moram nessa nossa bela cidade-floresta, da qual tanto orgulho-me) conhece, mas sonha, ah se sonha. Merda.

O monopólio deixa você e a nêta quebrados, você, o internauta, porque o monopolista fica só com o gozo da desgraça alheia.


Trojdens Desmond

*Arte de Jotapê Araújo

quarta-feira, outubro 10, 2007

Não é milico nem crente


A vida do dentro está ocupando-nos o tempo, tempo de estar fora, fora da vida de dentro, de estar dentro do fora, este lindo mundo nosso que tenta, por vezes, afundar o mundo de dentro, derrubar o que de tão feio há dentro do mundo de dentro.

Estamos fora do fora para aprender, com quedas e subidas, como viver no fora e, até, no dentro.

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Existe um troço (“troço” aqui com este som de bosta de vaca, pejorativo, que você escutará ao ler é uma coisa – que falta de vocabulário minha – que eu não gosto, ora bolas) no ar de hoje em dia muito estranho, não tenho nome para isto – nem vocabulário tenho. Em comerciais televisivos, onde pessoas – supostamente de boa aparência, para mim aquelas moças branquinhas, loirinhas, lisinhas de cima a baixo, com um sorriso feito por mãos e alfinetes não me agradam nem um pouco, sem milongas, realmente não me agradam – compram casas e tevês e carros e celulares e cadeiras e ventiladores e bombons e roupas e o diabo que apetecerem-nas; personagens que vão do “baixo” ao “cima” em segundos e até milésimos. Claro, tudo isso devido a um cartão, um perfume e até xampus e sabonetes.

Não é só no lixo que é a propaganda, também na tevê em geral e conseqüentemente no povo, dito real – porque real mesmo só sonho, que não em segundos, mas em dias e meses e anos saem com casas e carros e tevês e celulares e cadeiras e madeiras e troncos novíssimos, tudo na maior felicidade, com aqueles brutos sorrisos; e ao ver um simples pedinte, um pobre pé-rapado como eu, vira a cara ainda com despeita de mandar-nos à labuta. Tudo bem que é preciso esforçar-se um pouco na vida, mas pedir já é um esforço gigantesco.

Essa desgraça toda é conseqüência da maior de todas, os anos 80. Aqueles comunistas bestões e fervorosos (no pior dos sentidos) e sem ideologias, agora sorriem, e fazem uns novinhos também sorrirem, para fingirem serem humanos.

Trojdens Desmond