terça-feira, setembro 29, 2009

Meu rio de vagabundo


Foto de Karen Aiache


Me vejo nesse rio

Não pela beleza da correnteza

Mas pela corrente da preguiça

Imagino ser fácil descer

Descer e descer e sempre descer

Esse rio


Assim espero que seja só isso preciso

A subida certamente poluiria

Pois tenho preguiça de remar

Jardim Desmond

AAAAAAh


É ela, amor
É ela, o sentimento
É e só é
Só é por assim ser
Não há outra

É assim, Ah
Como um grito suprimido
AAh, como um grito que suprimi-se
AAAh, um grito que foge
AAAAh, a dor da prisão em si mesmo
O Grito que não sai
O sentimento que surge
AAAAAh, o grito que agora ruge

Jardim Desmond

Calor de minha Terra



Essa porra!
O calor tira a paciência que Deus nos deu
Essas casas mal feitas de Cohab nos tira o vento
Mandados pra acalmar a alma, a paciência
Porra!
As árvores de sombra somem
O sol nos cozinha nessa forma
Forma de concreto e asfalto
Panelas de barro com o mais refinado acabamento
Casas de barro duro
Os ventos gelados de máquinas
Só para quem não teme a apunhalada
Da energia e sua conta
Minha máquina jorra um ar quente
De um bafo de dragão tremendo
Cidade sem acabamento das Leis de Higiene

Deitado na rede
Não penso mais naquele homem
Lá no Norte, que nem eu
Que sai à sangria da árvore
No calar da escuridão da manhã
Penso no pobre
Cozido em sua casa

Eparrei Oyá

Jardim Desmond, agora