Ale, aqui você novamente. Ah, alegria alegria. Feliz estou mais uma vez, ócio velho companheiro, com sua inteligência, esperteza, o único a perceber a verdade, a doce. Como é difícil aceitar.
- O que fazes aí?
- Eu, nada, na verdade estou a observar, não sei ao certo se por preguiça ou por sagacidade; a vista é boa.
- O que vês?
- Vejo uns pontos a se mexer, pequenos crentes, crédulos e pentelhos, vividos seres, pobres seres, descrentes vida in vita, preocupados com os que não os deixam andar, esses sim os verdadeiros fétidos da natura, dotados de considerável esperteza e de não considerável “visão”. Antes que me pergunte algo, os seres são assim, nada de errado, só feio, meio que torto e amargo, mas nada que umas colheradas de mel, umas lidas, umas mortes e uns nascimentos não resolvam.
Lá se vem a paspalhona, que chata, pensa ser a verdade pintada em azul.
- Ora, mas vá já para o buraco de onde saíste!
- Ah, vá você, não só porque o frio chega que você tem quer dar o ar da graça.
- Então virei sempre. Consciência, minha nobre, o mundo não é feito só de suas idéias, elas são chatas, picuinhas, souvenirs para quem não me tem como par. O mundo é muito redondo para parar em esquinas e escolher entre tuas pequeninas ruas.
- Mas vá trabalhar, acha que dinheiro cai do céu? Acha que prédios levantam-se sós? Achas que o mundo é mundo para sonhos?
- Veremos!
Trojdens Desmond